25 setembro 2008




Simplicidade orgânica.


Conheci Macabéa em uma música e me apaixonei por ela em um livro. Moça simples, sem noção e quase inexistente. Quase. Mas existe. Não só pra mim, mas para Clarice Lispector e Rodrigo S.M., que se fundem para criar, delinear e nos entregar o ser mais puro que já existiu na literatura brasileira.

A Hora da Estrela foi o primeiro livro que terminei, recomecei e "reterminei". Hoje virou praticamente um manual, com anotações e passagens grifadas que me fizeram rir dessa nordestina miúda. Das afirmações absurdas mas completamente verdadeiras. Dos sentimentos e suas descobertas. Dos pensamentos e amor por sua vida, que tinha sabor de café frio e amargo, mas mesmo assim era boa. Tão boa que teria saudade de si mesma quando morresse.

Macabéa não se tratava de uma idiota, mas tinha a felicidade pura dos idiotas. Acreditava que era feliz e ria por não se lembrar de chorar. Apesar de não passar de um ser que só sabia chover, no fim, por poucos minutos, Macabéa experimentou uma explosão de sentimentos, sua vida mudou por completo, enfim descobrira a verdadeira felicidade.

Essa datilógrafa, virgem, que gostava de coca-cola e que se surpreendia como todos os dias à mesma hora fazia exatamente a mesma hora, me mostrou que até no capim mais vagabundo ha desejo de sol.




Um comentário:

André disse...

Fiquei curioso pra ler!!!